26/11/2020 | 12:15 | G1
Polícia apura se causa do acidente que provocou 41 mortes foi falha nos freios ou ultrapassagem
Foto: AP Photo/Juliano Oliveira
A Polícia Civil anunciou, durante uma coletiva de imprensa na manhã desta quinta-feira (26), que trabalha com duas linhas de investigação para determinar as causas do acidente que matou 41 pessoas em Taguaí (SP).

Segundo Camila Rosa Alves, delegada titular da Polícia Civil de Taquarituba (SP), responsável pel investigação, os depoimentos coletados na quarta-feira (25) apontaram duas hipóteses: falha nos freios ou tentativa de ultrapassagem em local proibido.

"Os policiais se anteciparam e colheram as versões de forma informal. No local dos fatos era muito evidente que o ônibus havia invadido a contramão. O que causou isso é o que nós estamos querendo apurar e é o que vai levar a responsabilização criminal dessas mais de 40 mortes", explicou a delegada.

O motorista do ônibus alegou, de acordo com a delegada, que seguia na pista quando se deparou com um outro veículo, possivelmente um caminhão, que estava mais devagar.

Ao tentar diminuir a velocidade, percebeu que os freios do veículo não funcionavam e, para evitar uma colisão, invadiu a pista contrária. Neste momento, foi atingido pelo caminhão bitrem carregado com esterco.

A versão apresentada pelo motorista foi confirmada por um dos passageiros que sobreviveu ao acidente. Elian Marcos contou à TV TEM que avistou um caminhão na pista. "Nosso ônibus estava indo e não sei se falhou o freio quando chegou perto desse que estava muito devagar. O motorista tirou e nisso veio a carreta contra", relata.

Já outra possível versão, colhida com base no relato do sobrevivente do caminhão, é de que o ônibus teria invadido a pista contrária durante uma ultrapassagem e o caminhoneiro não teria conseguido frear a tempo, jogando o veículo na direção de uma propriedade rural no acostamento.

41 mortos
O ônibus que levava trabalhadores de uma empresa de confecção e o caminhão bitrem com carga de esterco bateram no km 172 da Rodovia Alfredo de Oliveira Carvalho, em um trecho de curva, por volta das 7h de quarta-feira (25).

Os trabalhadores saíram de Itaí com destino a empresa de confecção em Taguaí. 41 pessoas morreram e dez ficaram feridas. Até a manhã desta quinta-feira (26), seis pessoas seguiam internadas.

Equipes de resgate e profissionais da saúde de várias cidades do estado se mobilizaram para atender a ocorrência. As vítimas foram socorridas e levadas a três hospitais da região: Taguaí, Itaí e Taquarituba. Ações mobilizaram voluntários para doação de sangue no Hemocentro de Botucatu, para as vítimas do acidente.

Os corpos foram encaminhados ao Instituto Médico Legal de Avaré. Por causa da capacidade da unidade, um caminhão frigorífico precisou ser usado para armazenar os corpos à espera do exame necroscópico.

Uma força-tarefa foi montada para identificar as vítimas. Todos os corpos foram identificados e liberados durante a madrugada desta quinta-feira.

A polícia, agora, investiga a causa do acidente. A empresa de ônibus Star Viagem e Turismo, que levava os trabalhadores da empresa Stattus Jeans, não tinha autorização para operar e funcionava de forma clandestina, segundo a Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp).

O G1 apurou que a empresa já foi multada várias vezes e era considerada clandestina pelo órgão fiscalizador.

O advogado Emerson Rodrigues, responsável pelo setor jurídico da Stattus Jeans, disse à TV TEM que a empresa de ônibus era contratada pelos funcionários que recebem vale-transporte. Ele não comentou sobre as condições de segurança do veículo.

O motorista do caminhão Geison Gonçalves Machado, de 22 anos, também morreu no acidente. Conforme a companheira dele, Geison não tinha habilitação para dirigir caminhão. O caminhão saiu de Florestópolis (PR) para descarregar em Taquarituba e depois iria para Castro (PR), cidade onde Geison morava.

A Rodovia Alfredo de Oliveira Carvalho é pista simples e não tem pedágios. Segundo a Polícia Militar Rodoviária de Itapeva, não são comuns acidentes naquele local. O acidente em Taguaí é o maior em número de mortes nas rodovias estaduais de SP em 22 anos.
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