03/11/2020 | 19:41 | G1/Olhar Digital
Inédito: tubarão de duas cabeças é encontrado no litoral sul de SP
Divulgação

Um pequeno tubarão galhudo de duas cabeças foi encontrado por pescadores no litoral sul de São Paulo, na divisa entre as praias de Itanhaém e Peruíbe. A descoberta é inédita e, de acordo com os pesquisadores responsáveis pela identificação, a poluição dos oceanos pode ser um fator para a provocação da anomalia.

Foram o biólogo Edris Queiroz e a pesquisadora Luana Felix, do Instituto de Biologia Marinha e Meio Ambiente (Ibimm) de Peruíbe, quem desenvolveram o estudo pioneiro com esse animal curioso. "É o primeiro caso do mundo, registrado e documentado na literatura, de um tubarão galhudo gêmeo siamês encontrado na natureza", contou Queiroz.

O tubarão foi doado ao Ibimm pelos pescadores que o encontraram. Após análises, os pesquisadores perceberam que, além de duas cabeças, o animal em questão conta com dois corações e duas colunas vertebrais independentes, bem como outros órgãos internos duplos.

"Após uma análise da anatomia externa e interna do tubarão, a melhor definição para o caso é de que seriam gêmeos siameses. É um acontecimento muito raro, devemos ter entre 10 casos no mundo. O problema é que eles morrem rapidamente, logo após o nascimento. Se tornam presas fáceis e acabam sendo predados", explicou Queiroz.

Hipóteses para a anomalia

Segundo o biólogo, não é possível determinar com certeza qual a causa da anomalia, mas, entre os possíveis fatores responsáveis, está a poluição do habitat desses animais. "Os tubarões acumulam metais pesados em sua alimentação, e isso pode gerar o que chamamos de uma mutação, uma anomalia", afirmou Queiroz.

No entanto, alterações genéticas e problemas no útero da mãe-tubarão também podem ter influenciado. "A compressão do útero pode fazer um ovo se fundir com outro. Não temos como ter certeza, pois são eventos raríssimos. Não sabemos se a raridade acontece porque simplesmente não encontramos esses tubarões ou se são eventos realmente diferenciados", disse o biólogo.

Queiroz espera que a descoberta inédita chame atenção para a problemática cada vez mais grave da poluição nos oceanos. "Esse estudo vai ajudar a buscarmos medidas que auxiliem na preservação e conservação das espécies", acrescentou Edris.

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