O Paraná registra 3.970 casos e 1.173 mortes pelas síndromes respiratórias em 2020. Ou seja, as SRAGs (síndromes respiratórias agudas graves) não especificadas já mataram quatro vezes mais que a Covid-19, que já vitimou 275 pessoas e contaminou mais de 7,8 mil paranaenses.
Os dados das SRAGs são divulgados semanalmente pela Sesa (Secretaria de Estado da Saúde) dentro do boletim do coronavírus. Na última semana, o Paraná registrou 112 mortes e 161 novos casos das síndromes respiratórias na última semana.
No dia 10 de junho de 2019, a Sesa apontava 154 óbitos por SRAG não especificadas em um boletim da Influenza. No mesmo dia, só que em 2020, o número cresceu 661%.
SRAG no Paraná: Evolução em 2020
A primeira vez que a Sesa incluiu os dados das SRAGs no boletim do coronavírus foi no dia 6 de maio, referente ao balanço fechado no dia anterior. Desde então, a Secretaria divulgado a atualização semanalmente.
Em praticamente um mês (do dia 12 de maio até 10 de junho), foram 1.346 casos e 516 mortes:
05/05 – 2231 casos e 514 mortes;
12/05 – 2.624 casos e 657 mortes;
20/05 – 3.062 casos e 843 mortes;
26/05 – 3.528 casos e 965 mortes;
02/06 – 3.819 casos e 1.061 mortes;
10/06 – 3.970 casos e 1.173 mortes;
Aumento das SRAGS e o Coronavírus estão relacionados?
Como o próprio nome diz, as mortes são causadas por fatores que não são especificados pelos especialistas. Para alguns infectologistas, como Marcelo Ducroquet, já ouvido pelo Paraná Portal, o índice alto das SRAG não especificadas tem total relação com a pandemia do coronavírus.
Victor Horácio, vice-diretor técnico do Hospital Pequeno Príncipe, descartou a assimilação, reforçando a tese do governo que todas as mortes são testadas. Já o profissional mais midiático da área, Átila Iamarino já fez o alerta sobre essas síndromes em seu Twitter: “cuidado. Ela cresceu como a COVID, mata como a COVID, é infecciosa como a COVID. Mas só é mais comum onde não se testa COVID-19”.
A Sesa rechaça a relação, mesmo que o próprio balanço da pasta aponte as síndromes respiratórias por Influeza, outros vírus respiratórios e outros agentes etiológicos (bactérias, fungos etc). Além disso, o secretário Beto Preto abordou o assunto em entrevista à CBN Curitiba e admite que alguns testes para coronavírus podem dar falso negativo.
Em Curitiba, a secretaria municipal entoa o discurso e garante que todas as mortes são testadas e que as SRAGs não especificadas são “super notificadas” pois, de janeiro a maio deste ano, já foram realizados mil testes a mais que em 2019. Ou seja, por causa da pandemia, a Secretaria agora inclui notificações de doenças que antes não eram listadas nesse grupo.
Ontem (10), a relação entre as síndromes respiratórias e o coronavírus ganhou nível nacional após uma reportagem da Folha de S.Paulo que aponta que capitais, como Curitiba, que possuem números menores de casos e mortos da Covid-19 apresentam dados mais elevados das SRAGs não especificadas. O Jornal Nacional e a RPC, afiliada da Globo no Paraná, também abordaram o tema, assim como uma reportagem do UOL, na semana passada, que mostra que o número de óbitos em decorrência de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) no Brasil cresceu 20 vezes em relação ao ano passado.
Fato é que, seja, ou não, subnotificação do coronavírus, o Paraná e o Brasil sofrem com as SRAGs não especificadas.