O aumento significado do número de casos de coronavírus em frigoríficos de Cascavel ameaça a produção da LAR e da Coopavel, duas das mais tradicionais indústrias do setor na região. A situação de surto nas duas cooperativas levou a AP-LER (Associação dos Portadores de Lesões por Esforços Repetitivos) solicitar providências ao COE - Centro de Operações de Emergências, protocolado na manhã desta terça-feira (2) e encaminhado também à Prefeitura de Cascavel.
Conforme relata o representante da AP-LER, Laerson Matias, levantamento feito na manhã de ontem (1) junto à 10ª Regional de Saúde, apurou que nos frigoríficos das duas empresas em Cascavel havia mais de 140 trabalhadores já confirmados com coronavírus, além de outras pessoas com quem tiveram contato, que também testaram positivo.
Segundo relata o comunicado da AP-LER, são 70 casos de trabalhadores na LAR e 71 casos confirmados na Coopavel. Isso em levantamento feito antes da divulgação do novo boletim da Secretaria Municipal da Saúde, no final da tarde de ontem, que apontou 92 novos casos no município, num total de 508 pessoas infectadas até aqui, além de 9 óbitos.
Uma situação que aumentou ainda mais o nível de preocupação da entidade foi o óbito de um motorista que atuava no transporte de trabalhadores da LAR. E outro fator preocupante é que muitos trabalhadores utilizam o transporte público convencional para ir e voltar de casa para os frigoríficos, podendo contribuir na rápida disseminação da doença tanto em Cascavel como em outras cidades da região.
A situação também foi motivo, ainda na semana passada, de um ofício do vereador Paulo Porto encaminhado à Vigilância Sanitária do Município, cobrando providências. Cascavel tem mais de 7 mil trabalhadores no setor.
Unidades interditadas
A situação preocupante relatada pela entidade já vem acontecendo em outros estados brasileiros, como em Santa Catarina, no Rio Grande do Sul, no Mato Grosso e também em Paranavaí (PR). Em muitos destes locais, com bem menos casos confirmados já houve inclusive a interdição e o fechamento integral ou parcial de algumas unidades frigoríficas.
Em Paranavaí, um frigorífico chegou a ficar fechado de 9 a 23 de abril, sofreu modificações na estrutura de produção, foi higienizado, teve todos os trabalhadores testados e depois de assinar um Termo de Ajuste de Conduta retomou as atividades.
O rápido aumento de infecções preocupa porque este é um segmento intensivo em mão de obra e sua própria estrutura operacional e características favorece a disseminação do novo coronavírus.
“Evidente que há risco maior de proliferação do Vírus nos frigoríficos por causa do: 1- ambiente predominantemente frio; 2 - umidade em diversos setores e 3 - trabalhadores exercendo suas atividades lado a lado”, diz trecho do ofício da AP-LER.
Confira abaixo o ofício da AP-LER protocolado junto ao COE e encaminhado à Prefeitura: