O agricultor do Paraná fez a escolha entre as culturas do trigo e o milho para o cultivo. A opção escolhida e mais rentável foi o milho, que por enquanto está com bom desempenho na segunda safra do estado.
Entre as safras de 2015 a 2020, a rentabilidade avaliada para o trigo é de 5%, enquanto que para o milho segunda safra é de 16% por hectare. Assim, com custo operacional superior, o grão ainda leva vantagem em relação ao cereal.
Esse custo por hectare atualizado para fevereiro é de R$ 4.601,74 para o milho e R$3.228,71 para o trigo. A análise foi feita pela Federação da Agricultura do Paraná (Faep), sindicatos rurais e pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), com base nos dados do projeto Campo Futuro da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
“O milho de segunda safra é altamente arriscado, porém, o trigo acaba havendo uma probabilidade muito maior de perda. No Paraná, em algumas regiões, houve um avanço muito maior do milho em detrimento do trigo. O risco é muito grande, mas quando a gente compara as duas culturas, o milho ainda tem um risco menor e de novo, uma liquidez melhor do que o trigo”, aponta o pesquisador do Cepea, Lucílio Alves.
Segundo a Faep, outro fator que contribuiu para a escolha dos produtores foi a paralisação do recurso para a equalização das taxas de juros do crédito rural, suspenso em fevereiro deste ano, que impactou diretamente o custeio do trigo no Paraná.
“Quem precisa do recurso não está conseguindo contratar para plantar o trigo, e está buscando outras opções para juros livres de mercado. Com os juros mais altos a rentabilidade cai mais ainda. É uma situação de mercado que nunca se viu com preço muito vantajoso, onde vemos algumas quebras de safras e está com preço de importação elevado, além da situação para produção não está favorável”, diz a técnica da Faep, Ana Paula Kowalski.
Valdemar Schaefer é agricultor há mais de 40 anos no Paraná. Quando fez o planejamento da safra de inverno optou pelo milho ao analisar os riscos maiores com a janela de plantio em relação ao clima para o cereal e a maior praticidade na operação do plantio à comercialização com sucessão soja-milho. Mas a maior motivação na escolha pelo milho é o mercado mais seguro com contratos garantidos.
“Quando você colhe milho, você tem o comprador na porta, tem preço e muitas vezes com contrato futuro já firmado no milho. A gente se especializou na sucessão, soja-milho safrinha. E nessa sucessão nós fomos aprendendo a fazer safrinha com rentabilidade e com altas produtividades”, destaca Schaefer.
Nos últimos 10 anos, a área plantada do trigo vem se mantendo estável no Paraná. A maior extensão foi registrada nas safras de 2013 a 2015. Nos anos seguintes, a cultura vem apresentando tendência de queda. A área estimada na safra 2021/22 é de 1171 mil hectares, 4% a menos em relação à safra anterior, com 1226 mil hectares.
A Faep ainda lembra que a produção de milho para este ciclo é importante para o Paraná devido à quebra na safra passada que passou de 50%, gerando déficit de estoque. De acordo com o último boletim do andamento da safra emitido pelo Deral, a segunda safra do milho está com boa performance no estado.
com 100% das lavouras já plantadas e 47% delas em desenvolvimento vegetativo, 37% na fase de floração e 15% frutificando. O departamento avaliou que 97% das plantações de milho estão em condições boas e 3% em situação média.
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