Depois que a empresa controladora do Facebook, Instagram e WhatsApp se transformou em “Meta”, um dos principais assuntos na comunidade de inovação e tecnologia tem sido o tal Metaverso.
Em 2003, foi lançado o Second Life, um projeto que queria entregar aos usuários uma segunda vida, no mundo virtual, onde você possuía um avatar e podia interagir com outros usuários do aplicativo ao redor do mundo. Porém, a experiência era muito limitada em função das limitações tecnológicas. Apesar do aplicativo se manter vivo até hoje, não é usado por muitas pessoas.
Mas antes de chegar à conclusão de que isso é impossível, pense em uma frase conhecida do Einstein que diz “Infelizmente a maioria das pessoas enxergam o que é, e não o que pode ser!”
Hoje, a experiência em um ambiente virtual como o criado pelo Second Life é muito mais completa. Com o uso da Realidade Virtual, a melhora da velocidade da internet e da capacidade de desempenho dos computadores, essa experiência melhorou muito. Mas está muito longe do potencial que esta tecnologia pode atingir nas próximas décadas.
Em 2013, vi uma palestra de um filósofo chamado Nick Bostrom onde ele dizia “vejam como eram os videogames há 30 anos e como eles são agora. Você não acha que a tecnologia pode evoluir a ponto de que possamos, de fato, viver uma vida virtual. Com nascimento, crescimento, envelhecimento (ou não) e morte?”. Se a tecnologia evoluiu tanto em trinta anos, pense o que ela poderá atingir nos próximos cem, quinhentos, mil ou dez mil anos.
Estes mundos virtuais já possuem desde terrenos até bijuterias, passando por casas e iates que são comercializados através da tecnologia NFT. Além disso, com as criptomoedas, cada um destes mundos poderá ter uma (ou mais) moedas virtuais. Um ou mais países. Um ou mais tipos de regimes.
A questão principal é no que isso pode se tornar. E aí voltamos a olhar não o que é, mas o que pode ser.
E se, daqui dez mil anos, uma pessoa decidir “Eu quero viver uma vida nascendo no ano 1961 D.C, do sexo feminino, nascendo na família Spencer, em Londres” ou “Eu quero viver uma vida nascendo no ano de 1879, sexo masculino, em Ulm (Alemanha)” e existir uma tecnologia onde você viva tipo um The Sims: com nascimento, vida e morte. Mas em vez de fazer isso através de uma tela, um mouse e um teclado, você possa de fato viver esta vida sendo a Lady Diana ou o Albert Einstein? E, ao morrer, você “acorde” desta vida virtual e possa viver a sua vida normal ou nascer de novo em outro local, com outro sexo e outro tempo?
Existem várias obras de ficção científica que tratam deste tema. A mais famosa é Matrix, mas eu indico a série Upload (Amazon Prime Video) e o primeiro capítulo da quinta temporada de Black Mirror, chamado “Striking Vipers”, na Netflix.
Eu sei. Parece muito fora da realidade, coisa de ficção científica e de pessoas que passam o dia inteiro viajando. Mas lembre-se que há algum tempo, a internet, o telefone celular e os aviões também foram. Hoje, são realidade para a maioria de nós.
*Bruno Dreher é consultor, palestrante, especialista em inovação pela Universidade Hebraica de Jerusalém, membro da World Futures Studies Federation (Paris, França) e World Future Society (Chicago, EUA).