Caso raro na medicina, as gêmeas Rebeca e Martina nasceram com três dias de diferença. A primeira veio ao mundo no dia 31 de dezembro, a segunda, na tarde de quinta-feira (03). Ambas nasceram de parto normal.
Segundo a mãe, Fernanda Cerrzolli de Oliveira, de 36 anos, as duas estavam sendo esperadas para o fim de janeiro. Ela e o marido, o pastor Willian Alfred de Oliveira, já têm uma filha, Gabriela, de oito anos. “A bolsa estourou quatro horas da manhã. Estava meio dormindo ainda, não sabia o que fazer. Pegamos todas as coisas e corremos para o hospital”, conta o pai.
Rebeca nasceu de parto normal, com 2,07 quilos e 42 centímetros, no Hospital Regional de Francisco Beltrão, no Sudoeste do Paraná. Prematura de 33 semanas – o ideal é que os nascimentos ocorram com 40 semanas de gestação -, ela foi levada para a incubadora da UTI neonatal.
“É muito comum a gente ter um parto de gemilar e, em seguida, após alguns minutos até meia hora, 40 minutos, uma hora, ter o nascimento do outro nenêm. A gente aguardou esse tempo e esse bebê não vinha, esse bebê não vinha, e a gente optou por não intervir”, disse a médica responsável, a pediatra Fernanda Perotta Consentino.
A mãe foi mantida na sala de parto por mais algumas horas aguardando que a outra filha nascesse. Nestes casos, normalmente os médicos decidem por uma cesariana, mas a pediatra Fernanda Perotta Consentino tomou outra decisão. Cada dia na barriga da mãe era importante para Martina, mas também um risco de infecção.
GÊMEAS IDÊNTICAS
Manter Martina na barriga da mãe só foi possível por conta de como as duas bebês, que são idênticas, se formaram.
Quando Fernanda engravidou, o mesmo óvulo fecundado se dividiu em dois e, apesar de ocuparem a mesma placenta, elas estavam em bolsas separadas. Por isso, quando uma nasceu a outra pôde ficar um pouco mais na barriga da mãe.
“A gente fez ultrassom, viu que ela tinha virado, já tinha ‘madurado’, então era hora de dar um empurrãozinho para nascer”, comentou o médico Rubens Schir. O parto foi induzido e não demorou meia hora para Martina nascer, também de parto normal. Graças aos dias a mais na barriga da mãe, ela não precisou ficar na UTI neonatal.
“Quando eu chegava perto lá da incubadora, a Martina começava a mexer muito. Ela mexia demais, assim, sabe? Parecia que as duas queriam se comunicar ali. Bem interessante”, relembra a mãe das gêmeas.
A mãe teve uma complicação comum em partos de prematuros: a placenta grudou no útero e ela precisou passar por uma cirurgia, mas já está bem. As filhas também devem ficar mais algum tempo se recuperando no hospital.
“Foi inusitado, bem diferente do que imaginou e até do que a gente sonhou”, comentou o pai. “Na escola é que vai ser complicado para elas explicarem para os colegas que, mesmo gêmeas, elas nasceram em dias e anos diferentes”, completou.
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