Um terremoto de magnitude 6,4 atingiu a Croácia nesta terça-feira (29), um dia depois de outro tremor também causar danos materiais no país. Imagens publicadas nas redes sociais mostram pessoas sendo resgatadas dos escombros de construções danificadas.
De acordo com institutos europeus, o terremoto foi registrado pouco depois do meio-dia no horário local (8h em Brasília) a cerca de 10 quilômetros de profundidade, com epicentro em Petrinja, cidade com cerca de 20 mil habitantes próxima à capital croata, Zagreb.
Segundo autoridades locais, há ao menos 26 feridos e sete mortos. Entre os óbitos confirmados, estão uma menina de 12 anos em Petrinja e outras cinco pessoas em Glina, uma cidade vizinha.
A emissora N1 exibiu imagens das equipes de resgate retirando um homem e uma criança dos escombros -ambos vivos. Outros registros mostram casas com telhados destruídos e carros danificados.
"Estamos retirando pessoas dos carros, não sabemos se estão mortos ou feridos", disse o prefeito de Petrinja, Darinko Dumbovic, em uma entrevista emocionada à imprensa local. "Esta é uma catástrofe. Minha cidade está completamente destruída."
O primeiro-ministro croata, Andrej Plenkovic, classificou o terremoto desta terça como devastador e disse ter mobilizado "todos os serviços disponíveis" para ajudar os atingidos. "O mais importante agora é salvar vidas humanas", escreveu ele, no Twitter.
Em entrevista a jornalistas em Petrinja, Plenkovic confirmou a morte de uma menina, mas disse não ter detalhes sobre outras vítimas. "O Exército está aqui para ajudar. Teremos que mover algumas pessoas de Petrinja porque não é seguro estar aqui", disse.
Pilhas de pedras, tijolos e telhas encheram as ruas da cidade após o terremoto, e os carros estacionados também foram destruídos por destroços. Pacientes foram retirados de hospitais em Zagreb e Sisak, ao lado de Petrinja, porque os edifícios foram danificados.
O ministro da Saúde, Vili Beros, afirmou que pacientes com Covid-19 e outros internados em hospitais psiquiátricos serão transferidos para outras cidades para dar lugar às vítimas do terremoto.
Em Zagreb, muitos moradores decidiram deixar a capital, ignorando a proibição de viagens que tem como objetivo a contenção da propagação do coronavírus.
Na segunda (28), outro tremor, de magnitude 5,3, foi registrado na mesma região, mas não houve registros de mortos ou feridos. Algumas casas apresentaram rachaduras e, ao sentir o terremoto, a população correu às ruas.
Segundo o prefeito, o primeiro tremor danificou a estrutura de várias construções e as deixou em condições precárias para enfrentar o segundo abalo sísmico.
De acordo com a Hina, agência de notícias estatal croata, o terremoto desta terça foi sentido em 12 países, como Áustria, Hungria e Eslovênia, onde autoridades desativaram uma usina nuclear por precaução. Parlamentares reunidos na capital, Liubliana, tiveram que interromper uma sessão e sair do prédio.
De acordo com o Centro Sismológico Euro-Mediterrâneo (EMSC), a Croácia registrou 13 terremotos em um período de 31 horas, mas a maior parte deles é considerada secundária, tremores com menor intensidade que se seguem a eventos sísmicos maiores.
O ministro do Interior, Davor Bozinovic, disse que o país espera ajuda da União Europeia, já que ela ativou o mecanismo de emergência do bloco.
Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, expressou solidariedade às vítimas e aos trabalhadores que atuam na linha de frente do atendimento aos feridos. Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, disse que o bloco está pronto para apoiar a Croácia e pediu que o comissário de gestão de crises da UE, Janez Lenarcic, viajasse ao país assim que possível.
Lenarcic, por sua vez, afirmou em uma publicação no Twitter que o Centro de Coordenação de Resposta a Emergências do bloco europeu já está em contato com as autoridades croatas.
A península balcânica, região no sudeste da Europa onde a Croácia está localizada, é considerada uma área propensa a terremotos. Além disso, o país passou por um estímulo à construção civil na década de 1990, na transição do comunismo para o capitalismo, o que, de acordo com especialistas, levou muitos imóveis a serem erguidos sem seguir padrões rígidos de segurança.
O resultado é que muitas dessas construções podem não resistir a terremotos de grande intensidade.
Em março, um tremor em Zagreb causou uma morte e deixou cerca de 30 feridos. Cicatrizes de terremotos anteriores também são visíveis em lugares como Dubrovnik, onde um terremoto em 1667 destruiu quase um terço da cidade e matou mais de 5.000 pessoas.