“Estacionamentos vazios, comércios fechados, ruas desoladas e um ambiente em que se respira desespero.” É assim que o correspondente do jornal paraguaio Última Hora, Carlos Aquino, inicia a matéria sobre o estado de “catástrofe econômica e social” em Salto del Guairá, na fronteira do Paraguai com o Brasil.
Em editorial, o Última Hora também aborda a questão de Ciudad del Este e opina que “o coronavírus evidencia novamente a inviabilidade da economia regional”.
Segundo o jornal, o país tem um alto custo para “manter uma estrutura econômica que gera poucos benefícios para os habitantes do seu entorno territorial e contribui muito pouco para o desenvolvimento do país”.
Salto del Guairá
Em Salto del Guairá, noticia o jornal, a Câmara de Vereadores e a Prefeitura decretaram “catástrofe” devido ao movimento comercial nulo, com o fechamento da fronteira. Os comerciantes estão preparando uma caravana “para exigir respostas do governo”.
“Faz 105 dias que estamos parados, sem poder vender nada. O ambiente é triste e desolador. Onde há três meses havia algazarra, hoje vemos angústia”, comentou o empresário Victor Stanley, do sindicato de micro, pequenas e médias empresas do município.
O empresário disse que umas 3 mil lojas já fecharam as portas, deixando cerca de 7 mil pessoas sem trabalho.
O governo precisa com urgência liberar créditos aos comerciantes e congelar as dívidas, em vista da paralisação total de atividades, argumentou.
As promessas
Até agora, o que o governo prometeu para as cidades de fronteira com o Brasil e a Argentina foi reduzir as taxas portuárias e aeroportárias, diminuir o imposto seletivo de consumo para alguns produtos e também o Imposto de Valor Agregado.
Outra proposta pretende habilitar o sistema “Delivery” para compradores do Brasil, para evitar que os brasileiros precisem entrar no país. A compra seria feita pela Internet, com entrega na casa do comprador, no Brasil.
No entanto, enquanto as fronteiras permanecerem fechadas, o Brasil não vai permitir a entrada de produtos estrangeiros. A mercadoria que entrar será retida pela Receita Federal. Além disso, a cota de até US$ 500 para as cidades de fronteira terrestre com o Brasil só vale, também, com as fronteiras livres.
O próprio governo brasileiro publicou decreto em que, a contar do último dia 20, as fronteiras continuarão fechadas por mais 15 dias, mantendo-se a exceção para o transporte de cargas.
Como o governo paraguaio não tem, nem a médio prazo, intenção de reabrir suas fronteiras, a situação vai continuar como está por um longo período.
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