08/03/2022 | 19:26 | Toledo News
Especialistas afirmam que luzes vistas nos céus de Toledo e região na madrugada eram lixo espacial
Divulgação
De acordo com especialistas da área de astronomia, o fenômeno observado na madrugada desta terça-feira (08), em Toledo e em vários municípios de toda a região Oeste não foi uma chuva de meteoros como se imaginava inicialmente. A maior probabilidade é de que tenha sido a entrada de lixo espacial na órbita da Terra.

Um rastro luminoso foi visto no céu de várias cidades da região Oeste e Sudoeste e também em municípios do estado de Santa Catarina. A situação ocorreu por volta das 04h30.

O fenômeno durou apenas alguns segundos, mas intrigou vários moradores da região que estavam indo para o trabalho no momento. Inúmeros internautas gravaram a situação e publicaram em suas redes sociais. O assunto foi muito comentado pelos moradores locais durante todo o dia.

Existem relatos de que a situação pôde ser vista em Toledo; Cascavel; Assis Chateaubriand; Santa Helena; Realeza; Santa Izabel do Oeste; Vera Cruz do Oeste; Ponta Grossa; Cafelândia; Palotina; Quedas do Iguaçu; e até em Assunção no Paraguai.

O astrônomo e coordenador de projetos especiais na Fundação Parque Tecnológico de Itaipu, Janer Vilaça, reforçou que tudo indica que o fenômeno desta madrugada foi mesmo o aparecimento de lixo espacial na atmosfera. Ele informou que chuva de meteoros são fenômenos previsíveis.

“Tudo indica que as luzes vistas na madrugada em vários municípios do Oeste são lixo espacial mesmo. As chuvas de meteoros são situações previsíveis, com hora, data, taxa horária e local onde podem ser vistas, você tem os melhores ambientes para serem vistas. Além disso, a quantidade de luzes observada foi grande e não havia nenhuma chuva de meteoro prevista com essa conotação”, esclareceu o professor.

Uma das possibilidades é de que seja lixo espacial do foguete Falcon 09 da SpaceX, que foi lançado em 19 de dezembro de 2021. O foguete foi lançado do estado da Califórnia nos Estados Unidos e levou satélites do Starlink, que pretende transmitir internet para todo o planeta.

“Provavelmente um satélite desabilitado se aproximou muito da Terra e sofreu atração gravitacional e ao entrar no planeta atritou com a atmosfera aqueceu e ficou incandescente. Pode ser que seja lixo espacial daquele foguete da SpaceX, Falcon 09, que recentemente sofreu uma pane e pode ter entrado em nossa atmosfera com um pedaço desse material”, informou Vilaça.

O professor comentou que recentemente houve um aumento nas atividades do sol, algo que pode contribuir para o desativamento de alguns satélites e foguetes. “O sol entrou recentemente em um período de atividade e tem liberado descargas. Nós chamamos isso de injeção de massa coronal, que são explosões que saem da superfície e sua energia alcança grandes distâncias, podendo inclusive chegar a Terra. Isso pode fazer com que os satélites sejam afetados ou desativados, saindo assim da sua órbita e ficando suscetíveis a gravidade, adentrando assim na atmosfera terrestre”, informou o astrônomo.

Por fim, o professor revelou que fenômenos como o observado durante a madrugada em Toledo e região. “Vai ser muito comum as pessoas observarem esse tipo de fenômeno de agora em diante, tendo em vista a quantidade de satélites e objetos que foram colocados no espaço. Muitas pessoas com uma renda um pouco superior podem colocar objetos no espaço, é claro que tudo dentro de uma lei que está sendo homologada. Muitos desses equipamentos têm vida curta e não tem uma calibração tão boa e ao entrarem na atmosfera sofrem com a gravidade e a densidade da própria atmosfera, produzindo esses efeitos vistos na madrugada”, concluiu o professor Janer Vilaça.
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